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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

This is killing me so slowly... - Mini Imagine

Geanne estava sentada em uma de suas poltronas, olhando para aquelas malas perto da porta. “São todas iguais...” Ela, definitivamente, não conseguia pensar em nada de interessante.
‘Eu já tô indo.’ Neymar desceu as escadas e parou na frente dela, que olhou em seus olhos.
‘Tanto faz. Já se passaram dois meses, e você ainda não tirou tudo daqui.’
‘Não se preocupa. Aqui eu não entro mais.’ Neymar disse com a voz um pouco rouca. Pegou suas malas, deu uma última olhada na sala e saiu. Sentiu um aperto no peito ao ouvir a porta bater. Não que nunca tivesse ouvido uma porta bater, mas daquela vez fora diferente. Tinha a certeza de que não voltaria mais ali. Andou um pouco mais, e virou para que pudesse ter uma visão melhor daquela casa. A casa que por muito tempo, tinha sido cenário de muitas cenas de amor.

Flashback 

‘Mas... o que é isso?’ Geanne olhava em sua volta, uma sala vazia.
‘É sua!’ Neymar sorriu.
‘Não... que isso, Neymar. Eu não posso aceitar.’ A menina gaguejou um pouco e olhou pela janela.
Ge, essa casa é sua.’ Ele disse por trás dela. ‘É um presente meu, e eu ficaria chateado se você não aceitasse.’ Seus braços a envolveram.
Neymar, eu...’ ela andou até o centro da sala. ‘É um presente muito caro e...’
‘Você ainda não ouviu as minhas condições.’ 
‘Condições?’
‘É.’
‘E quais são essas... condições?’ Ge franziu a sobrancelha.
‘Você aceita o presente e eu venho morar com você.’ 
‘Sério? Você... quer morar comigo?’ ela abriu um sorriso de orelha a orelha.
‘Sabe, eu fiquei desempregado depois que eu comprei essa casa, e nada melhor do que a minha namorada para me sustentar.’
‘Er...’
‘Que foi? Não gostou da idéia?’
‘Não é isso... é que...’ Geanne não sabia o que dizer.
‘Ah, tudo bem. Eu só pensei que depois de um presente desse, o mínimo que você podia me conceder era um abrigo e... HAHAHAHAHA!’
‘É mentira, Neymar?’ Ela estreitou os olhos.
‘Você tinha que ver a sua cara, quando eu disse, nada melhor que a minha namorada para me sustentar!’
‘Bem que eu achei estranho.’
‘Achou nada!’
‘Achei sim! Você trabalha na empresa do seu pai. Que tipo de pai demitiria o filho?’
‘O meu demitiria sem pensar duas vezes.’ Ele fez cara de coitado.
‘Seu besta!’ ela começou a bater no braço dele, rindo.
‘Peraí! A mentira era só a parte que eu tava desempregado e tal...’
‘O que você quer dizer com isso?’ Geanne sorriu marota, e cruzou os braços.
‘Daquela outra condição, sabe? De eu vir morar aqui.’ 
‘Hum... Fazer o que, né?’
‘Não! Se você quiser eu...’
Neymar!’ ela gritou. ‘Eu tô brincando, po!’
‘Ah.’ Ele sorriu, ainda meio sem graça. 
Neymar... eu já disse que eu estava brincando.’
‘É, mas você me magoou.’
‘Eu? Mas...’
‘Te peguei de novo!’ Neymar começou a gargalhar.
‘Ahhh! Acho bom você parar com isso, hein! Se não na segunda semana eu já te coloco pra fora da minha casa!’
‘Então você aceita?’
‘Claro! Escuta... minha casa... minha casa...’ Geanne repetia as palavras consecutivamente.
‘Minha casa.’ Neymar tirou sarro.
‘Tá, pode me zoar.’ Ela deu os ombros. ‘OMG! O meu próximo paciente!’ 
Ge, você não estava de folga?’ 
‘É... mas hoje eu tenho uma pessoa que... Ah, amor, desculpa, mas ela realmente precisa de mim!’ Geanne deu um beijo no namorado. ‘Brigada, viu? Te amo!’

End Flashback 

Geanne estava na cozinha preparando um chá. Sua dor de cabeça era imensa. Parecia que todo o choro que ela estava prendendo, havia virado dor. Foi em direção à mesa, abaixou a cabeça e se pôs a chorar. Chorava que nem criança, os soluços eram altos.
Levantou-se e olhou para a foto que estava presa na geladeira. Ela e Neymar tinham ido passar as férias na Irlanda. Ele estava com um moletom preto, e uma touca também preta. Ela usava um sobretudo bege claro, com um cachecol e touca vermelhos. Os dois estavam abraçados, e com as bochechas vermelhas, em razão do frio.

Flashback 

‘Feliz aniversário!’ Geanne estendeu uma caixa presente para Neymar, que havia acabado de sair do banho. Ele estava de boxer preta, e secava a cabeça com uma toalha.
‘Oba!’ Ele riu, pegou a caixa e beijou a namorada. Era um beijo intenso, e apaixonado.
‘Hum...’ Ela se afastou. ‘Abre! Quero ver se você vai gostar.’
‘Acho que não, hein.’ Ele fez um olhar de desconfiança.
‘Vaaai!’ Geanne disse pegando a toalha da mão dele.
‘Calma, amor.’ Neymar sentou-se na cama e abriu a caixa vermelha. ‘Não!’
‘Sim!’ Ge imitou o tom de voz do namorado.
Ge, você é demais!’ Ele abriu o moletom preto, que tinha alguns detalhes em branco. Seus olhos brilhavam. ‘Sabia que essa sua memória de elefante, me irrita?!’
‘Por que memória de elefante?’
‘Sabe quanto tempo faz que eu te falei sobre esse moletom?’
‘Não.’
‘3 meses, 9 dias, 2 horas, e...’ ele olhou para o relógio no criado-mudo. ‘7 segundos.’
‘Ah, cala a boca, Junior!’ Geanne tacou o travesseiro na cara dele.
‘Hey! Eu te dei essa liberdade?’ Neymar brincou.
‘Não.’ A menina fez cara de criança, e ele se aproximou.
‘Depois você cai nos meus encantos, e acha ruim.’
‘Quem disse que eu acho ruim?’ ela o olhou nos olhos.
‘As mulheres nunca gostam de cair nos encantos de um homem.’ Neymar colocou uma de suas mãos no pescoço dela, a outra em sua cintura e a beijou. Geanne perdeu as forças quando ele a tocou. Isso sempre acontecia, mesmo eles estando há dez meses juntos. As carícias de Neymar, era o que Geanne gostava mais. As mãos dele eram sensíveis, o que a deixava mais nervosa. Suas línguas se movimentavam rapidamente, e ele estava deitado por cima dela. Neymar começou a beijar o pescoço da menina que já ofegava constantemente. As mãos dela passavam pelas costas dele, e por seus cabelos. Ele tirou a blusa dela, e os dois trocaram de posição. Geanne estava com suas mãos no peitoral dele e ele estava entre as pernas dela, que agora estava por cima. Neymar foi em direção ao fecho do sutiã dela, mas foi interrompido por um barulho, segundo ele, nada agradável.
“Kiss me out of the bearded barley
Nightly, beside the green, green grass…”

Neymar…’ Ge respirou com dificuldade. ‘Meu celular...’
‘Não atende...’ ele continuou beijando-a.
‘Eu... preciso...’ Geanne esticou a mão e pegou o celular no criado mudo. ‘Alô?’
Neymar não disse nada, apenas respirou fundo e se levantou, irritado. Pegou sua toalha que estava jogada na cama, e voltou a secar o cabelo.
‘Ok. Daqui a pouco eu tô aí.’ Ge levantou da cama, e foi em direção ao banheiro que era onde Neymar se encontrava. ‘Amor?’ ela o chamou, mas ele não respondeu, apenas continuou secando o cabelo. ‘Acho que já está bem seco, não?’
‘Porque você sempre faz isso?’ ele a olhou.
‘Me desculpa.’
‘Quantos loucos existem nesse mundo, que você tem que tá sempre lá?’
‘Os meus pacientes não são loucos, Junior.’ Ela disse séria.
‘Então me dá um motivo para eles te procurarem.’ 
‘Talvez porque eu seja uma psiquiatra e eles estejam com problemas psicológicos, o que pode prejudicar suas vidas?’ ela disse como se fosse óbvio.
‘Tá, mas você não tem tempo pra você! Você não tá nem aí se eu tô feliz ou não!’
‘Eu achei que você fosse feliz comigo.’ Foi a única frase que ela disse antes de sair dali.

End Flashback 

Geanne ainda observava a foto, com um olhar abatido. Não, não chorava mais, mas estava com uma tristeza profunda.
‘MERDA!’ ela pegou a foto e rasgou ao meio. ‘Eu te odeio tanto, Junior!’ amassou a parte em que ele estava e jogou no chão. Sabia que estava mentindo. Ainda amava Neymar acima de tudo, mas ela tinha sua profissão, e ele não aceitava a sua falta de tempo.

Flashback 

Ge estava sentada no sofá da sala com a cabeça baixa. Neymar apareceu lá, ainda só de cueca.
Ge...’ ele colocou o rosto entre as mãos, e sentou ao lado dela, olhando para o chão.
‘Me desculpa.’
‘Eu pensei que eu te fizesse feliz, Neymar.’ Uma lágrima escorreu de seu rosto.
‘Você me faz feliz, linda, me faz muito feliz.’ Ele se abaixou e ficou de frente pra ela.
‘Não foi isso que você me disse há poucos minutos.’
‘Eu falei da boca pra fora, amor. Me desculpa?’ ele perguntou e olhou para ela. Geanne não pensou duas vezes antes de o abraçar. ‘Eu te amo tanto.’
‘Ah, Neymar... Eu queria ter mais tempo pra gente, mas eu não consigo. Eu juro que eu tento e...’
‘Shh.’ Neymar fez sinal para que ela ficasse quieta. ‘Não vamos falar mais sobre isso, ok? Não por hoje.’ 
‘Tá.’ Ela balançou a cabeça positivamente.
‘Agora, vai lá se trocar que tem pessoas precisando da melhor mulher desse mundo.’ 
‘Eu te amo.’ Ela fechou os olhos e o abraçou novamente.

End Flashback 


Neymar estava sentado no banco do parque que havia ali por perto. Tinha deixado suas malas no carro, e desceu naquele lugar apenas para recordar alguns momentos. Olhou para algumas folhas amareladas que estavam espalhadas pelo chão do parque, e lembrou-se da “terrível” mania de Geanne : pisar em folhas secas.

Flashback 

‘15, 16, 17! Ganhei!’ Geanne mostrou a língua para o namorado.
‘Nada disso! Essas daí nem são folhas secas!’ Neymar apontou para algumas folhas no canto da árvore.
‘Ok. 14. Ganhei do mesmo jeito!’ Geanne mostrou a língua novamente.
‘É, mas foi só por...’
‘7 folhas...’ a menina deu os ombros. ‘O que são 7 folhas, Junior?’
‘Isso não é importante para mim.’ Ele se aproximou dela, a abraçando pela cintura.
‘E o que é importante pra você?’ Ge ergueu a sobrancelha.
‘Deixa eu pensar...’
‘Caramba... é tão difícil?’ a menina arregalou os olhos.
‘Não... os pássaros são importantes, os cachorros.’
Neymar!’ ela estreitou os olhos.
‘Poxa, os cachorros são importantes! Eles são os melhores amigos do homem.’
‘E eu?’
‘Você é o melhor amigo do homem?’ Neymar franziu a testa.
‘Não! Eu não sou importante?’
‘É... naquela, né?’
‘Como assim naquela?’ Geanne se afastou, brava.
‘Naquela... Nem sim, nem não!’ 
‘Hum.’ Geanne não havia gostado da brincadeira, e foi sentar-se no banco.
‘Amoooor!’ Neymar foi atrás.
‘Olha, ele tá falando com o seu cachorro!’ a menina disse para uma senhora que estava um pouco adiante.
‘Que isso, Ge?’
‘Você não acabou de dizer que os cachorros são os melhores amigos do homem? E que eles são MAIS importantes do que eu na sua vida? Então...’
‘Eu tô brincando, linda.’
‘Hum.’
‘Você sabe que é a coisa mais importante pra mim.’ Ele falou baixo perto do ouvido dela.
‘Acho melhor você não falar isso perto da sua família.’ Ge disse baixo, também.
‘Minha família?’ Neymar olhou para os lados.
‘É. Ali!’ Ge apontou para um canto embaixo da árvore.
‘Esquilos?’ Neymar fez careta.
‘Uhum.’
‘E desde quando você me compara a roedores?’
‘Desde quando você rói canetas, lápis e coisas do gênero.’
‘Isso não significa que eu sou um esquilo!’
‘Qualquer dia eu vou chegar em casa, e vai estar faltando um pé da nossa mesa.’
‘Olha...’ Neymar e Ge começaram uma discussão besta, que estava sendo vista por várias crianças do parque, que morriam de rir com as besteiras que os dois falavam.

End Flashback 


Geanne entrou no quarto, que agora era apenas dela, e viu alguma coisa dobrada em cima da cama. Se aproximou para ver o que era. Ele havia deixado aquele mesmo moletom preto, que ela tinha lhe dado de aniversário. Geanne pegou aquela peça na mão e tentou sentir o cheiro de Neymar, o seu perfume era algo delicioso. Tampou o rosto, e aquela dor de que estava faltando algo em sua vida voltou. Voltou junto com algumas lágrimas.
‘Er... Eu esqueci meu moletom, e a porta estava aberta... ’
Neymar?!’ ela levantou a cabeça. ‘Ah, aqui...’ Ge dobrou a peça, desajeitada, e entregou na mão dele. Neymar a olhou nos olhos, e uma lágrima escoou de seu rosto. Era algo inevitável. Ele andou um pouco para trás e Geanne fechou a porta, sem dizer ao menos uma palavra.
Neymar respirou fundo, e olhou para aquela porta. Sua vontade era de abri-la e dizer que amava aquela mulher acima de tudo, mas não tinha coragem. Não depois de tudo. Aquela briga nunca poderia ter acontecido.

Flashback 

‘Oi Liza!’ Neymar entrou no consultório de Geanne, e falou com a secretária.
‘Oi Junior. Quanto tempo, hein...’
‘É... Eu nunca mais vim buscar a Ge, ela anda saindo tarde, sabe? Mas hoje é nosso aniversário de namoro!’ ele sorriu e colocou um buquê de flores no balcão.
‘Hum, parabéns.’
‘Obrigado. Diz aí, eu sou o cara mais sortudo do mundo, não?’ 
‘É, e pelo o que parece a nossa doutora também.’ Liza disse olhando para as rosas vermelhas.
‘Ah, o meu amor merece.’
‘Tenho certeza que sim!’
‘E... ela vai demorar muito?’
‘Er... ainda tem essa gente toda, para o seu amor atender.’ A secretária apontou para umas sete pessoas que estavam sentadas em um sofá, enquanto esperavam a sua vez.
‘Poxa, mas ela disse que ia sair cedo, pelo menos hoje.’
‘Sinto muito, mas todos os pacientes estavam agendados para hoje, não houve mudança.’
‘Tudo bem... eu espero.’ Neymar sentou-se em uma cadeira próxima.
‘Quer que eu a avise que está aqui?’
‘Não. Não será necessário. Ela mesma me disse para passar aqui umas 17h.’
‘Er... já são 17h30min.’ Liza olhou para o relógio na parede.
‘Deve ser rápido.’ Neymar disse com esperanças.

4 horas depois...

‘Liza, eu vou embora.’ Neymar respirou fundo, ao se levantar.
‘Não quer esperar? Só faltam dois.’
‘Liza, cada paciente lá dentro, leva, no mínimo, meia hora. Eu vou, e você diz para ela que eu estive aqui por algumas horas a esperando.’ Neymar colocou o buquê, que acompanhava um cartão, perto da secretária e saiu.

1 hora depois...

‘Ahh, eu não acredito! O Neymar vai me matar.’ Geanne saiu de sua sala, olhando para seu relógio de pulso.
‘Ele ficou aqui por umas três ou quatro horas, doutora. Depois foi embora.’
‘Como eu imaginei... E... isso é dele?’ ela olhou para as rosas vermelhas, que estavam em cima do balcão.
‘É sim. Na verdade são da senhora.’
‘Esse atraso não estava nos meus planos. O que aconteceu? Aconteceu alguma mudança nos horários?’
‘Não. Inclusive, não coloquei ninguém na sua lista hoje.’
‘Semana passada você me disse que a gente ia sair daqui no máximo umas 17h00min.’ Geanne não estava entendendo.
‘Amanhã, e não hoje.’ 
‘Aiih, droga!’ Ge pegou o celular, e ligou para Neymar. ‘Atende, atende...’ ela fechou os olhos e começou a fazer pensamento positivo. ‘Droga!! Liza, eu vou indo.’ 
‘Ok, deixa que eu arrumo tudo.’
‘Obrigada.’ Ela pegou o buquê, e saiu.
‘Ah, parabéns!’

Neymar estava sentado no sofá observando seu celular vibrar na mesinha de centro. Era a quinta vez que Geanne tentava falar com ele, mas Neymar não tinha forças nem para pegá-lo e apertar o botão de “send”.

‘Atende, Neymar, por favor...’ ela estava no táxi, e não parava de tentar falar com ele. 
‘Er... a senhora quer parar em algum orelhão?’ o taxista foi gentil. ‘Às vezes dá problema, por causa da chuva...’
‘Não.’ Ela tentou sorrir. ‘Obrigada.’ Respirou fundo, e viu que não adiantaria mais tentar. A besteira estava feita. Colocou o celular na bolsa, encostou sua cabeça no vidro, e sua visão logo ficou embaçada pelas lágrimas, que, do ponto de vista dela, agora se misturavam com as gotas de chuva que caíam no vidro do carro.

Neymar, ainda paralisado por aquela luz que não parava de acender, achou estranho seu celular ter parado. Franziu a testa, e o pegou, observando que tinha, exatamente, 15 ligações perdidas. Engoliu a seco para não chorar, e num impulso jogou o celular contra a parede.
‘MERDA!!’ gritou e subiu as escadas.

Geanne chegou em casa, com o rosto inchado. Colocou o buquê na mesa de centro, e reparou que junto com as flores tinha um cartão. Com toda a confusão, não tinha nem lido. Tinha poucas palavras, mas nunca fora tão duro ler uma coisa tão linda.
“Amor da minha vida, espero ficar com você para a eternidade”.
‘Espero que tenha gostado das flores.’ Neymar apareceu na sala de repente. 
‘Amor.’ Geanne foi em sua direção, mas ele se afastou.
‘E do cartão...’ Neymar virou de costas, e ficou observando a janela.
‘Desculpa, desculpa, eu sei que eu não devia ter feito isso, mas eu me confundi e...’
‘Não Geanne, você não se confundiu. Quem se confundiu fui eu, que por um instante achei que você fosse a mulher da minha vida.’ Ele disse, sério, e ela abaixou a cabeça, chorando. 
‘Desculpe...’
‘Não se desculpe. Nós dois erramos.’
‘Não diz isso Neymar.’
‘Erramos no momento que decidimos morar juntos.’
Neymar, eu já pedi desculpas... me perdoa, eu não fiz por mal.’
Ge, você nunca faz por mal, mas eu não agüento mais! Você tá sempre naquele consultório! Nunca tem tempo para nós!’
‘Isso é mentira!’
‘Mentira? Me diz a última vez que nós saímos para nos divertir.’
‘Eu... eu não lembro...’
‘É esse o problema! Faz tanto tempo, que não tem como a gente lembrar.’
Neymar disse e pegou uma mala, que tinha no canto da escada. Geanne quando viu aquilo, arregalou os olhos.
‘On... onde você vai?’ ela limpou o rosto.
‘Vou embora.’
‘Não! Você não pode, Neymar. Não hoje!’ ela se colocou na frente dele.
‘Você também não podia ter feito isso. Não hoje.’ Foi a última frase que ele disse antes de sair.

End Flashback 

Havia se passado dois dias, desde da última vez que Neymar havia visto Geanne. Para ele era tudo muito estranho. Tinha voltado a morar com seus pais, e obviamente, não tinha mais Geanne por perto. Ele não sabia se tinha feito o certo, mas não agüentava mais a falta de tempo dela. Combinava alguma coisa, e ela sempre pisava na bola, em razão de sua profissão. 
Neymar?’ a mãe dele havia entrado no quarto. ‘Você não foi trabalhar mais... não pode ficar aí dentro para sempre!’
‘Ah mãe... Eu não tô com cabeça. Se eu for trabalhar com certeza vou acabar sendo estúpido com algum cliente.’
‘Você ainda ama a Geanne, não?’ sua mãe disse o nome dela, e Neymar sentiu um aperto no peito ao ouvi-lo. 
‘Eu... não tem como esconder nada da senhora, né?’
‘Não tente. Se eu não fosse sua mãe ia dizer para ir atrás dela agora.’
‘Se você não fosse minha mãe?’ Neymar franziu a testa, agora, sentando-se na cama.
‘É. Mães normalmente querem o melhor para seus filhos.’
‘Eu ainda não entendi.’
Neymar, qualquer tolo, vê na sua cara que você ainda ama perdidamente essa mulher.’
‘E qualquer tolo também veria que voltar com ela não é o melhor para mim. Ela vai me magoar de novo, e eu tô cansado disso.’
‘Por isso você está se acabando aos poucos enfiado nesse quarto.’
‘A senhora acabou de dizer que o melhor para mim, não é voltar com ela.’
‘Certamente. Mas quando amamos uma pessoa, tentamos de todas as formas desculpar os seus erros.’
‘Mas os mesmos erros, sempre voltam a se repetir.’
‘E você já tentou conversar com ela?’
‘Já! Mas ela dá mais atenção para os clientes dela do que para mim.’
‘Então, vire um deles. Tenho certeza que você pode reverter esse quadro.’ A mãe disse e saiu do quarto deixando Neymar completamente confuso.

Geanne andava muito desanimada com a vida, mas fazia o possível para que seus pacientes não percebessem, afinal, ela era uma psiquiatra e não podia levar mais problemas para eles.
‘Finalmente.’ Ge disse quando seu último paciente fechou a porta.
‘Licença.’
‘Ah, não me diga que tem mais.’ ela fez careta.
‘Tem mais uma pessoa.’
‘Mas...’
‘Foi de última hora.’ 
‘Ah, mande-o voltar amanhã e...’
‘Doutora!!’ Liza gritou e Geanne arregalou os olhos. ‘Largue de sofrer por causa de homens! A senhora sempre adorou a sua profissão, e agora está fazendo seu trabalho de qualquer jeito! Bola pra frente, mulher!’
‘Liza...’
‘Vou mandar o último paciente entrar.’ Liza disse, e saiu dali, praticamente, marchando como um general.
‘Endoidou de vez.’ Geanne disse para si mesma. Escutou a porta abrir, e mandou o paciente sentar-se enquanto fazia algumas anotações. Levantou a cabeça e levou um susto ao ver quem era. ‘Neymar?!’
‘Oi...’
‘O que você tá fazendo aqui? Eu tenho um paciente ainda e...’
‘Eu sou o paciente.’
‘Você?’
‘É. Por quê?’
‘O que te trás a uma psiquiatra?’ Geanne franziu a sobrancelha.
‘Posso?’ ele apontou para uma cadeira reclinável que havia na sala, e ela deu os ombros. ‘Preciso de alguns remédios para depressão.’
‘Depressão? Você, Neymar?’
‘Será que você podia me tratar como um paciente? Ao menos... desconhecido?’
‘Hum.’ 
‘Bom, há dois meses, e alguns dias, eu não consigo voltar a ter a vida que eu tinha...’ ele começou, e tudo veio na cabeça deGe como um filme. Ela o tratou como um paciente, mesmo. Perguntou como ele e sua amada se conheceram, perguntou se eles brigavam com freqüência, e tudo que ela já sabia sobre eles.
‘E você se arrepende?’ aquela pergunta era a que mais importava naquele questionário todo. O que ele responderia? A cada segundo que Neymar demorava para responder a pergunta, era como uma tortura para Geanne.
‘Me arrependo demais.’ Neymar disse, sentando-se de frente para ela, que estava com os olhos marejados. Seu olhar era profundo, e Ge, não conseguia ao menos piscar.
‘E... e por que... você não a perdoa?’
‘Eu já perdoei.’ Neymar sorriu. ‘Há muito tempo... Eu só não tinha percebido isso ainda.’ 
Num impulso Geanne já estava nos braços dele, e seus lábios se tocaram, como eles não sentiam há algum tempo. As mãos de Geanne tremiam a cada toque dele. Lágrimas de emoção escoavam dos olhos dos dois. Era um beijo digno de cinema.
Neymar... eu te amo tanto, me perdoa, me perdoa.’ Ela dizia entre os beijos, enquanto o beijava desesperadamente.
‘Vamos esquecer isso, tá? Ainda mais agora que eu sou seu paciente, e você terá que me dar todo tempo do mundo!’ ele sorriu e voltou a beijá-la.
‘Hey... Vamos sair daqui!’ Geanne respirou aliviada, e o puxou saindo da sala.

Alguns minutos depois...

‘É por isso que eu gosto de outono!’ Geanne saiu correndo, ao encontro de suas folhas secas, assim que chegaram ao parque.
Ge!’ Neymar chamou. 
‘Vamos competir, Neymar!’
‘Ah, nem vem... Eu sempre perco... vem sentar!’ ele disse apontando para um banco.
‘Tá bom, seu chato!’
‘Ah, sou chato, é?’
‘O chato mais perfeito que existe!’ ela sentou no colo dele e o beijou.
‘Putz...’ ele se afastou. ‘Esqueci uma coisa... peraí!’ Neymar foi correndo até o carro.
‘Esqueceu o que?!’ Ge gritou, mas foi em vão. Observou ele abrir o porta luvas, pegar alguma coisa, e voltar com as mãos atrás de si.
‘Preciso te entregar uma coisa...’
‘Entregar? O que é, hein?’ Ela se levantou e tentou ver o que ele escondia.
‘Espera!’ ele disse, rindo, e Ge voltou a sentar. ‘Bom, eu acho que aquela casa, não nos deu muita sorte...’ Neymar entregou para ela um papel enrolado com uma fita azul.
‘Eu não entendi.’ 
‘Então abre.’ Neymar disse, e Geanne desamarrou a fita, observando que havia mais alguma coisa que mantinha o papel enrolado. 
‘Uma... aliança, Neymar?’ Geanne sorriu a tirou do papel.
‘Uma aliança para melhor pessoa do mundo!’ ele se abaixou na frente dela, enquanto ela lia o papel. 
‘Não... Você... Isso é um contrato!’
‘Eu sei o que é.’
‘Você é louco!’
‘A nossa mais nova casa, fica a poucos quilômetros daqui.’ Neymar levantou e fez uns gestos com as mãos.
Neymar...’ Geanne fez uma expressão séria.
‘Que foi? Você não gostou?’
‘Não, eu gostei, é perfeito, mas... eu não sei se eu quero me casar e...’
‘Casar?’ Neymar franziu a testa.
‘É... essa aliança...’
Ge, eu não estou te pedindo em casamento. Eu quero me casar com você, mas essa aliança, por enquanto, é de um namoro. Um namoro sério.’ Ele olhou nos olhos dela.
‘Ah... eu, preciso te falar uma coisa...’ Ela respirou fundo.
‘Ihhh, pela sua cara já até sei o que é. Você não vai querer morar mais comigo.’ Neymar sentou-se no banco, bufando.
‘Eu tô grávida, Neymar.’
‘Tudo bem Geanne... O QUE?’ Ele se levantou e arregalou os olhos.
‘Isso mesmo que você ouviu.’ Ela sentou-se.
‘E... de quem é?’ ele perguntou, com medo.
‘Como de quem é, Neymar?! Só pode ser seu!’ ela gritou, e ele sorriu.
‘Peraí! Você disse que não quer se casar? Você está grávida de um filho MEU, e não quer se casar?’
‘Não agora, eu...’ Neymar a interrompeu com um beijo.
Ge, eu não te entendo. E há quanto tempo?’ Ele sorriu com a garota em seus braços.
‘Dois meses, né besta!?’
‘Cara, um filho!’ Neymar ria que nem um abobalhado para o nada. ‘E por que, mesmo, você não quer casar?’
‘Ah, amor... acho casamento uma coisa muito... muito babaca. A gente já mora junto, não vai mudar muita coisa e...’
‘Tudo bem, tudo bem... Não precisa explicar... ainda mais porque a gente vai ter sete meses para pensar nisso. E até lá eu te convenço. Po, depois dessa notícia... Eu vou ser pai!’ 
‘Hey, eu quero conhecer a nossa nova casa!’ Geanne se soltou dos braços dele e estava indo em direção ao carro.
Ge!!’ Neymar não havia saído do lugar, e ela olhou para trás. ‘Sabe o que eu mais vou gostar nisso tudo?!!’ ele gritou, para que todos pudessem ouvir.
‘Não!’ ela gritou de volta.
‘Da sua licença maternidade!’

FIM

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